quarta-feira, 30 de abril de 2008

O malhadorense Ariosvaldo Figueiredo morre aos 84 anos de idade!



















Ariosvaldo Figueiredo morre aos 84 anos de idade
Texto: Edjane Oliveira/Fotos: Jorge Henrique

“Apesar de ser perseguido, intrigado, xingado e caluniado, vivi muito. Vivi bem. Fui feliz. Paguei o preço. E mais pagaria”. As palavras do próprio Ariosvaldo Figueiredo Santos, em seu livro “Eu vivi, confesso”, expressam a plenitude dos seus 84 anos, encerrados na quarta-feira. O corpo do escritor e intelectual sergipano Ariosvaldo Figueiredo foi sepultado, no Cemitério Colina da Saudade. Ele faleceu por volta das 19 horas de quarta, em sua própria residência. Segundo familiares, ele já vinha doente há cerca de um ano. Parentes, amigos e políticos estiveram presentes ao velório, para prestar a última homenagem ao escritor.

Natural do município de Malhador, Ariosvaldo Figueiredo foi também jornalista – tendo sido articulista do JORNAL DA CIDADE e, inclusive, um dos fundadores da extinta Gazeta de Sergipe –, engenheiro agrônomo, advogado e professor da Universidade Federal de Sergipe. Como escritor, era membro da Academia Sergipana de Letras. Foram mais de 20 obras publicadas e na lista das mais consagradas estão “História Política de Sergipe”, “História de Malhador” e “Eu vivi, confesso” – sua última obra, um livro de memórias, lançada em 2006.

Incomodava

Ainda nos tempos de escola, passou pelos colégios estaduais Tobias Barreto e Atheneu Sergipense. O escritor foi funcionário da Secretaria de Agricultura e do Banco do Nordeste. Foi na Gazeta de Sergipe que Ariosvaldo adquiriu a fama de jornalista polêmico, por tratar, à época, temas que comumente não eram abordados pela imprensa, como a problemática da mulher e das minorias.

Ariosvaldo Figueiredo mesmo reconhecia que seus textos incomodavam a sociedade sergipana, classificada por ele como conservadora e reacionária. Durante o golpe de 1964, o escritor foi preso, juntamente com Orlando Dantas. Foram três meses na cadeia. Nessa época, já tinha cursado a faculdade de Direito.

Ariosvaldo Figueiredo deixou dois filhos, que atualmente moram no Estado de Minas Gerais. Segundo seu irmão, o aposentado Almir Figueiredo dos Santos, 75 anos, os dois estavam em Aracaju até a quarta-feira às 13 horas, quando retornaram a Minas. Poucas horas depois o pai faleceu. Bastante emocionado, Almir disse que a saudade deixada pelo irmão é enorme. “Fica a lembrança de uma pessoa que, além de irmão, foi um amigo, um conselheiro”, declarou.

O reitor da Universidade Tiradentes (Unit), Joubert Uchôa, destacou a importância de Ariosvaldo Figueiredo para Sergipe. “Primeiro pelo seu compromisso com o crescimento econômico e cultural do Estado e também pela sua intelectualidade, com contribuição para as letras de Sergipe de maneira monumental”, destacou o reitor. A advogada da Comissão de Direitos Humanos da OAB/SE, Maria Angélica Rezende, disse que Ariosvaldo era uma pessoa a quem ela queria muito bem, principalmente pelos momentos vividos juntos nos embates da época do regime militar.

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